sábado, 25 de abril de 2009

Mão no mouse, mão no mundo.

Ctrl C Ctrl V

- Ai, meu Deus!
Respirou. Já transpirava. Não estava tanto calor assim.
- Ai, meu Deus!
Exercício mental também cansa. Ela sabia disso. Coçou a cabeça uma, duas vezes. Apoiou a mão no queixo.
- Ui... E agora?
Ela sabia que não era por ali. Sabia disso. Já tinha visto alguém fazer diferente antes. O que mesmo a Julinha lhe tinha explicado? Como era que se fazia?
- Ai, meu Deus!

Deus já devia estar preocupado de tanto que lhe evocava o nome. Ela transpirava. Trinta minutos já haviam corrido.
“Agora vai, agora vai.” Não foi. Não foi mesmo. Tudo errado. Teria que desfazer o que já tinha feito?
- Ai, meu Deus!

Ela tinha dado ênfase no “a” do ai. Isso não era bom, era desespero. Mas ela estava determinada. Esticou os braços, alongou o pescoço. Tudo lhe doía.
Na sua época, pensava, nada disso era necessário. Era-se feliz simplesmente. Sem fast-food, sem videogame, sem celular e sem aquela maquininha que lhe tirava o sono.

A luz que dela saía era encantadora, realmente fascinante. Via os mais jovens mexerem nela com tanta facilidade... Por que lhe resultava tão difícil?

Mas ela não desistia. Já tinha conseguido selecionar o texto na página da internet. Estava tudo azulzinho.

Suspirou, respirou fundo, agarrou aquele “trequinho de clicar”.
Botão direito.
- Ai, meu Deus!

Abriu uma janelinha. Chegou mais perto para ver. Leu baixinho.
- Copiar. Uhm... Copiar.
Apertou meio desconfiada. Não percebeu, mas tinha prendido a respiração.
Abriu o Word.
- Ai, meu Deus!

Olhou a página em branco. Botão direito. Janelinha aberta.
- Colar.
Clicou. Fechou os olhos levemente.

Quando soltou a respiração, a página já estava toda preenchida. Benditas letrinhas!
Sorriu pela sua conquista.

- Ai, meu Deus!

Dessa vez, não era um apelo, era agradecimento.

Luisa Iva
em 25/04/2009


Texto para o Movimento Blog Voluntário - contra o analfabetismo digital.
Vamos valorizar o esforço de quem está começando a se inserir no mundo virtual, galera!


Ponto final pontocompontobr.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Amor, inspirações.

Digamos que o poema seja uma "parceria" com Vinicius de Moraes (Soneto de Fidelidade).


Amor, inspirações.

De tudo ao meu amor serei atento
Não que seja atenção o meu forte
Ou que tenha tido ao encontrá-lo
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
E a cada dia, a cada nova hora
A cada instante mudo, a cada respirar
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento
E meus olhos, e meu riso e minha alma.

Quero vivê-lo em cada vão momento
Porque momento de amor nunca é vão
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
Em cada esquina, em cada pedaço de chão
E rir meu riso e derramar meu pranto
De lágrimas transparentes brilhantes de amor
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Porque deixar a vida seria abdicar de ti
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
E dor que transcende a morte

Eu possa dizer do amor (que tive)
E tenho, e vivo, e guardo no peito:
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Eu posso abrir uma exceção:
Quer durar para sempre?




Luisa Iva, 22/04/2009


Reticências, corações, suspiros
E ponto final.