terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Destino: Pólo Norte

Querido Papai Noel,

Já me disseram que o senhor não existe e, há pelo menos uns 15 anos, eu sei que a minha mãe compra meus presentes de Natal. Só que aconteceu uma coisa, bom velhinho, que acho que nem o Super – Homem poderia resolver...

Pensando nisso, a única solução que achei foi tentar enviar essa carta ao Pólo Norte, com a esperança de que na sua fabulosa Fábrica de Brinquedos se encontre a solução para o meu problema.

Acontece, Papai Noel, que eu tenho um congelador. Um congelador enorme. Grande, grande mesmo. Só que ele não pára de congelar. O gelo já tomou conta dele todinho, não há mais espaço para colocar nada dentro. Há tanto gelo, Papai Noel, que o congelador está expulsando todas as coisas de dentro dele para dar lugar à expansão da neve.

Já chamei todos os técnicos, já pedi a Deus, já tirei da tomada, já deixei jogado num canto, já li o manual... Mas nada acontece. Nada mesmo. O congelador continua congelando.

Minha casa está ficando fria, meus dias estão ficando frios, tudo que vejo e que toco está se refrigerando. Papai Noel, creia-me: eu gosto de calor. Sou brasileiro, gosto de praia, de frescobol, de 40 graus. Não gosto desse frio todo não. Eu quero é calorão, aquele que não deixa e gente dormir sem ligar o ar no máximo.

Então, Bom Velhinho, vou me despedir com o coração na mão e a mão apontando pro céu pra ver se acho uma rena voadora. Por favor, vê se dá pra arranjar um jeitinho de descongelar o congelador pra mim... Sei lá, um isqueiro mágico ou uma caixa de fósforos poderosa... Estou torcendo, viu?

Um beijo, Noel
Do brasileiro do congelador.

PS: Eu fui bonzinho esse ano. Segurei o meu orgulho, maneirei na raiva, no rancor e na tristeza. Papai Noel, eu sorri até quando tinha que chorar.


Ponto final.
Feliz Natal
ho-ho-ho

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Estradinha

- Que pedras grandes. Acho que paro por aqui. – Ele disse, já voltando-se para trás.
- Mas por quê? Você não disse que tinha o sonho de chegar lá em cima? Falta tão pouco agora... Eu vou com você! – A reação inesperada do rapaz espantara a menina, que já tinha começado a escalar.
- Ninguém me trouxe, ninguém vai me levar. Vou sozinho. É uma questão minha, vou resolver.
- Ninguém te trouxe, mas eu te encontrei pelo caminho. Você me convidou para seguir contigo, então eu vou.
- Não tente me entender. Não dá. Volto e talvez outro dia eu continue. O fim da tarde se aproxima, não sei se é seguro.
- São cinco da tarde, não há motivos pra ir embora. Fica. Eu vou com você. Não é tão alto.

O rapaz olhava pra ela. Por que tanta insistência? Ele tinha motivos pra subir? Tinha. Mas começara a desconfiar deles. A volta lhe parecia mais atraente. A solidão, o caminho sem aquela menina tagarela devia ser melhor.

- Não vou. Já decidi. Me desculpe te deixar aqui. Se quiser, te levo em casa.
- Não. Eu fico. Você também. Eu sei que você quer subir, me falou disso o caminho inteiro. Nós andamos tanto... Vamos subir, senão é viagem perdida!
- Às vezes quando se chega perto do abismo, é melhor pular.

Ela fez cara de interrogação. Não sabia o que ele queria dizer com aquilo.
- Como assim? – Perguntou.
- Nem sempre tomamos as decisões certas. Quando chegamos bem perto de alcançarmos o que queríamos percebemos que é melhor desistir e abrir mão.
- E você sabe tão bem o que quer?
- Não. Mas senti que é melhor voltar. Em casa é mais quente, mais confortável.
- Mas aqui está o que você quer. Como você me convida e depois me abandona?
- Não vou te abandonar. Quer que eu te deixe em casa? Ou que eu te ligue amanhã pra ver se você chegou bem?
- Não. Vou continuar. Vem comigo. Eu juro que não falo nada. Juro que não vou te ajudar a subir. Vou atrás, bem quietinha.

Só a notícia de que ela não iria mais falar, já dava uma sensação de alívio ao rapaz. Resolveu aceitar, ela não ia ceder mesmo.

- Ok. Vamos.

E subiram. O caminho daquele pequeno morro era íngreme e possuía muitas pedras. Eles foram com dificuldade.

Ele escorregou e agarrou na manga da camisa dela.
- Você está sempre aí atrás pra me segurar, né? – Os dois riram. Ele já não estava tenso.

Já se via o pico, onde a elevação acabava. Ele chegou lá primeiro e ficou olhando a moça se aproximar. Ela estava exausta, mas trazia consigo um sorriso aberto.

- Não é lindo? – ele perguntou ao vê-la chegar
- É... Muito lindo. Valeu a pena?
- Sim. Você me fez chegar aqui e agora eu sei que valeu a pena.
- Você falou lá embaixo sobre o pulo. Quer pular?
- Não. Prefiro ver o sol se pôr do seu lado.

(Luisa Iva Maia Forte)



Passou a UFF! Menos uma!
Agora só falta o ENEM e as segundas provas.
Pra comemorar, eu mudei o visual do blog :D

Semana que vem acho que vou ter a colaboração da minha querida priminha loiríssima e bronzeada Rayssa.

No mais, é isso aí.
Amanhã eu grito: FÉRIAS!
E aí eu coloco mais textos aqui.

Hoje não é ponto final, tô a fim de colocar reticências.
...

Beijo grande!

(01/12/2009)

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Demorei, mas voltei!

A minha única certeza, é que a dúvida existe. Eu corro atrás de algo que nem eu mesma sei o que é. Só sei que é vago. Mas eu quero. E, de tanto querer, chego a não querer. E do desejar tão intenso, a chama se apaga. Normal. Na verdade, normal mesmo, é não ter nexo algum.

Eu não gosto de lugares lotados, mas a minha cabeça está abarrotada de idéias conflitantes que fazem a cada dia um carnaval maior. E nem por isso eu posso dizer que estou acostumada com essa situação. Até porque, acostumar-se não é uma coisa boa. Eu procuro não me acostumar com nada. Ficar confortável demais numa situação me gera desconforto.

Quanto mais achamos que vamos acertar, maior é a possibilidade do erro. E quanto maior é a altura, mais dolorosa é a queda. Mesmo assim, não é legal se acomodar. Não mesmo. Acomodação gera dúvida. E dúvidas muitas vezes não têm resposta. E a falta de resposta gera o caos. O caos não é bom, mesmo que a maioria de nós consiga conviver com ele.


Quanto mais eu avanço, mais regresso pra dentro de mim.
Quanto mais eu corro, mais eu quero voltar.
Mas não volto.
Volto não.



Cotidiano

Eu continuo esperando você passar
Parece que não vem tão cedo
Parece que vai demorar.

Tô esperando você surgir naquela esquina
Como sempre, essa sina,
Essa repetição contínua
O dia de todo-dia
A cena de todo dia.

Tô aqui parada, encostada
No muro de cal
Em frente à papelaria
Na rua principal
Nesse final de dia
Já são seis horas
E cadê você?

Cadê?
Cadê? Cadê você?
Cadê você que não passa?

Nesse contínuo movimento,
Nesse todo tormento
Vejo o mundo menos você

E nada de passar
Nada de passar, passar
Nada de passar
Nada de passar
Nada de passar...

Passou!
Puta que o pariu!
Eu tava amarrando o cadarço.

Luisa Iva
27/10/2009


Ponto final.
Tô morrendo de pressa, mas senti saudade.
Prometo postar com mais frequência!
Beijos a todos, em especial ao pessoal que andou lendo o blog nesse tempinho.

domingo, 23 de agosto de 2009

Minhas impaciências.

Eu demorei, esqueci, lembrei, me chateei e até pensei em excluir o blog. Mas me deu vontade de escrever, de continuar. Aqui é meu cantinho. Vou ficar.


Aos brados

Eu não quero a poesia pensada,
Ritmada, cheia de métrica.
Quero prosa, confusão,
Paralelepípedo, engarrafamento.

Quero tempo nublado,
Ou um sol escaldante
Quero árvore seca,
Um gato, um preá.

Não quero rima,
Quero loucura, insanidade,
Quero críticas tolas
Pra poder rir de deboche.

Cansei de decassílabos,
Das redondilhas,
Dos trocadilhos.
Quero jogo de futebol.

Cansei de domingo no cinema,
Cansei de novela, de TV,
Quero rádio e um livro de receitas de geléia.

Cansei das normas,
Das leis burguesas,
Da maquinaria,
Cansei da frieza, do jogo,
Da falta de ritmo.
Eu quero é falta de noção!

Quero andar descalça,
Fazer desenho com giz de cera,
Gritar bem alto.
Quero uma inseticida.

Quero ler o que não me interessa,
Ouvir o que eu não entendo
E morrer de amor.

Quero pular de alegria,
Quebrar salto alto,
Andar a pé,
Esquecer os modos.

Cansei de lirismo,
Hoje eu quebro tudo.
Vou passar por cima
Das infelizes convenções.

Quero ler o que não me interessa,
Ouvir o que eu não entendo
E morrer de amor.


Luisa Iva
em 23/08/2009


Até breve.
Ponto final.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Pegadas.

Só pra deixar miha marca, minha pegada, meu "oi".

A culpa da introdução pobre e da poesia velha é toda do vestibular. Podem brigar com ele, eu deixo!



Estrelário

A estrela no peito,
No céu da boca,
Das duas bocas
Brilhou de um jeito,
Da forma louca
Que ficou pra decifrar.

A estrela brilhando
Nos olhos,
Dos olhos nos olhos
Foi se acostumando
Com a paisagem do lugar.

O brilho do céu,
Da boca,
Do céu da boca,
Dos olhos,
Do ar;
Deixava aquela estrela
Parecer pequena,
Parecer miúda,
Mas sem se apagar.

Que seria estrela?
Seria lama?
Seria drama?
Conta de colar?

Quem sabe um dia
Se descubra estrela,
Mais nova chama
Que vai se incendiar.


Luisa Iva
2008


Ponto final.

sábado, 25 de abril de 2009

Mão no mouse, mão no mundo.

Ctrl C Ctrl V

- Ai, meu Deus!
Respirou. Já transpirava. Não estava tanto calor assim.
- Ai, meu Deus!
Exercício mental também cansa. Ela sabia disso. Coçou a cabeça uma, duas vezes. Apoiou a mão no queixo.
- Ui... E agora?
Ela sabia que não era por ali. Sabia disso. Já tinha visto alguém fazer diferente antes. O que mesmo a Julinha lhe tinha explicado? Como era que se fazia?
- Ai, meu Deus!

Deus já devia estar preocupado de tanto que lhe evocava o nome. Ela transpirava. Trinta minutos já haviam corrido.
“Agora vai, agora vai.” Não foi. Não foi mesmo. Tudo errado. Teria que desfazer o que já tinha feito?
- Ai, meu Deus!

Ela tinha dado ênfase no “a” do ai. Isso não era bom, era desespero. Mas ela estava determinada. Esticou os braços, alongou o pescoço. Tudo lhe doía.
Na sua época, pensava, nada disso era necessário. Era-se feliz simplesmente. Sem fast-food, sem videogame, sem celular e sem aquela maquininha que lhe tirava o sono.

A luz que dela saía era encantadora, realmente fascinante. Via os mais jovens mexerem nela com tanta facilidade... Por que lhe resultava tão difícil?

Mas ela não desistia. Já tinha conseguido selecionar o texto na página da internet. Estava tudo azulzinho.

Suspirou, respirou fundo, agarrou aquele “trequinho de clicar”.
Botão direito.
- Ai, meu Deus!

Abriu uma janelinha. Chegou mais perto para ver. Leu baixinho.
- Copiar. Uhm... Copiar.
Apertou meio desconfiada. Não percebeu, mas tinha prendido a respiração.
Abriu o Word.
- Ai, meu Deus!

Olhou a página em branco. Botão direito. Janelinha aberta.
- Colar.
Clicou. Fechou os olhos levemente.

Quando soltou a respiração, a página já estava toda preenchida. Benditas letrinhas!
Sorriu pela sua conquista.

- Ai, meu Deus!

Dessa vez, não era um apelo, era agradecimento.

Luisa Iva
em 25/04/2009


Texto para o Movimento Blog Voluntário - contra o analfabetismo digital.
Vamos valorizar o esforço de quem está começando a se inserir no mundo virtual, galera!


Ponto final pontocompontobr.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Amor, inspirações.

Digamos que o poema seja uma "parceria" com Vinicius de Moraes (Soneto de Fidelidade).


Amor, inspirações.

De tudo ao meu amor serei atento
Não que seja atenção o meu forte
Ou que tenha tido ao encontrá-lo
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
E a cada dia, a cada nova hora
A cada instante mudo, a cada respirar
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento
E meus olhos, e meu riso e minha alma.

Quero vivê-lo em cada vão momento
Porque momento de amor nunca é vão
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
Em cada esquina, em cada pedaço de chão
E rir meu riso e derramar meu pranto
De lágrimas transparentes brilhantes de amor
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Porque deixar a vida seria abdicar de ti
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
E dor que transcende a morte

Eu possa dizer do amor (que tive)
E tenho, e vivo, e guardo no peito:
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Eu posso abrir uma exceção:
Quer durar para sempre?




Luisa Iva, 22/04/2009


Reticências, corações, suspiros
E ponto final.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Deliciosas coincidências

Não sei por que, mas o acaso me atrai. Tudo que é coincidência se torna mais atraente, mais vívido. O planejado é estático, determinado, invariável. Chato isso, muito chato.

As surpresas são inesperadamente maravilhosas. É lindo ser surpreendido! Seja com pequenos gestos, pequenas palavras ou uma mudança repentina que ocasiona um bom desfecho. Surpresa só não é boa quando não dá certo.

E o que o destino nos apronta? Ninguém sabe. Mas é bem mais gostoso não saber...

Deixa acontecer!


Lasanha no forno


Chegara atrasado do trabalho. Um milhão de formulários, milhares de assinaturas, telefones berrantes e um trânsito caótico. Mais um dia movimentado e seu maior desejo agora era a cama. Deitar-se, dormir e esquecer.

Passou a porta da entrada, tirou os sapatos e sentiu o alívio de movimentar os dedos dos pés. Livrou-se também do relógio, da gravata, da maleta e do cinto. Dobrou as mangas da camisa, não entendendo o porquê daquelas roupas quentes num país tropical como o Brasil. Pensou em como seria maravilhoso trabalhar de bermuda e chinelos de dedo.

Entrou no banheiro, despiu-se e sentiu a água gelada correr e esfriar seu corpo. O estômago roncou e ele lembrou-se de que não tivera tempo de almoçar no trabalho. Saiu do banho, colocou um pijama e foi procurar o que comer.

Lasanha congelada. Perfeito. Simples, gostosa e o melhor: bem rápida. Seria a sua refeição. Abriu uma garrafa de vinho, se achando merecedor dessa regalia.Era nessas horas que pensava que não dedicava tempo a si, a se satisfazer, só focava o trabalho. Colocou a lasanha no forno.

- Alô – atendeu o telefone no primeiro toque.
- Carlos? É o Carlos que tá falando?
- Não tem Carlos nenhum aqui não.
- Não mente pra mim não, Carlos. Eu sei que é você! Assume! Diz logo que é você, Carlos! – a voz da mulher ao telefone transparecia que, do outro lado da linha, ela estava tensa e até com um tom de choro na voz.
- Eu já te disse que não sou Carlos. – desligou.

- Alô. - O telefone tocou novamente.
- Desculpe. Não queria ter sido grossa. - a mulher parecia realmente constrangida. - É que o Carlos, o cretino do Carlos, me deu seu número de telefone dizendo que era dele.
- Tudo bem. – ele não se sentiu confortável parar dizer nada além disso.
- Obrigada. Meu nome é Mônica. E você? Como se chama? Eu já sei que não é Carlos. – Ela riu nervosa.
- Felipe.
- Você se importa de conversar comigo, Felipe?
Ela não pôde recusar, mesmo que, no seu íntimo, quisesse desligar o telefone e mandar a moça parar de querer contar seus problemas a estranhos. Mônica contou sua história, falou sobre Carlos, seu ex-marido, que queria a guarda do filho de 1 ano. Contou sobre a vida... Felipe ouviu, ficou mais à vontade e reconfortou-a como se já a conhecesse.

- Ah, Felipe! Bem que eu sabia que você era uma cara legal!

Um cheiro forte, estranho e cada vez mais acentuado vinha da cozinha.

- A lasanha! – Felipe deu um salto.
- O quê? Lasanha?
- Queimou! Ah, meu Deus! Queimou! Um minuto...

Correu na cozinha, desligou o forno. Não mexeria na vasilha tão cedo, queria deixar esfriar.

- Oi. Voltei.
- Foi culpa minha, né?
- Não, não foi. Eu que me distraí.
- Eu ainda acho que fui eu, e faço questão de me desculpar.
- Pessoalmente? – ele não entendeu que impulso o levou a dizer aquilo, mas apreciou a idéia.
- Sim. E eu levo uma pizza.

Ela riu. Ele deu o endereço. Parecia coisa de louco, mas ele confiava nela. Despediram-se e desligaram. Em uma hora ela chegaria,

É, valeu a pena queimar a lasanha... Aqueceu o coração.

Luisa Iva.
25/03/2009

Ponto final.

E bom apetite.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Eis que surjo novamente.

Quanto tempo! E nem me fale em tempo... Eu não tenho tempo mais nem pra mim, quanto mais pra ficar atualizando o blog. Mas, eu sinto falta, sinto mesmo.

Nesses meses eu só faço uma coisa (e com muita maestria, diga-se de passagem): RECLAMAR.
Eu reclamo com que está do meu lado, reclamo na internet (nas raras vezes em que eu tenho tempo pra ela), até ligar pras pessoas somente com o intuito de reclamar eu estou fazendo.

Eu reclamo 2 horas, estudo 10 minutos. Estudo duas horas, reclamo mais uns 20 minutos. Normalmente o tempo da reclamação é maior.

E, nesse clima de reclamação, revolta e afins: A poesia (que veio do fundo da gaveta):

Ode aos errantes

O erro faz crescer
Alimenta a alma em sua longa missão.
E em teus passos trôpegos,
Sem rumo e equilíbrio,
Constrói-se uma ponte sólida.

Erra!
Erra e orgulha-te!
Repensa, reage,
E segue...
Segue...
Segue errando na tua paz!

Em teus erros já me espelho,
Quero errar como tu erras
E desprezar meus pés cortados
De tanto pisar em pedras.

Errantes, olhai em volta!
Quantas pontes edificadas!
Quantas pedras removidas!
E em vossos pés calejados,
Eis o mapa de vossas vidas!

Luisa Iva Maia Forte
28/12/2007


Ponto Final.
Até a próxima.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Apagar, esclarecer, clarear.

Meus professores me diziam há bem pouco tempo atrás que idéia tinha acento agudo, que usava-se acento diferencial para distinguir as palavras, e que lingüiça e conseqüência sempre levavam trema. Todavia, sempre é uma definição vasta demais e além de tudo, perigosa. “A casa caiu”. O conceito que estava definido para os estudantes, para os professores, gramáticos, publicitários, advogados e falantes da língua se retirou de cena sem nem sequer receber aplausos ou vaias. Só se foi. O trema vai deixando aos poucos nossas gramáticas, os hífens mudam de lugar, somem e desaparecem nas palavras nos dicionários. Não, não é o fim do mundo, é a Reforma.


Mudar padrões, conceitos e temas que já têm espaço garantido é um desafio. Desafio de aceitação, desafio de adaptação, de coerência e de padronização. Para um jovem de hoje, pensar que o bê-á-bá que seus filhos aprenderão será diferente do seu, assusta. Para qualquer um de nós, pensar que a nossa antiga infra-estrutura vai virar a enorme infraestrutura com todas as letras juntas, assusta. E que qualquer feito heróico, será pura e simplesmente heroico, assusta também. O começo é descoberta, espanto, pasmo. O que era de nosso domínio, sai da nossa “zona de conforto” e começa a fugir de nossas mãos.

É difícil pensar que uniformizar a língua talvez seja cortar suas asas. É tão bonito ver as diferenças, as singularidades e até aquele jeito “abrasileirado” de falar, que, depois de um tempo, deixou de ser incorreto para virar informal, idiossincrático. A cristalização é que não é bonita. Ela é densa, pesada demais. E essa linguagem densa, sobrecarregada, linguagem de terno e gravata, enfadonha, nada tem a ver com o nosso espírito brasileiro que é leve, expansivo e tem aquele tempero que é diferente em cada um de nós.

E se um dia ninguém lembrar do trema? Verdade é que muitas pessoas não sabiam utiliza-lo, mas ele estava lá. Será que, quando finalmente formos obrigados a fazer uso da língua reformada, não sentiremos um vazio nas gramáticas e lembramos com saudade dos “dois pinguinhos em cima do u”? Será que a feiúra vai ficar mais feia sem acento, ou a pêra vai ser menos suculenta sem o gracioso “chapeuzinho” acima do e?

É fato que terão que se adaptar os livros, os anúncios, os romances, as bulas de remédio, os roteiros de viagem, as provas, os encartes de supermercado... Mas, e nós? Será que conseguiremos apagar e depois preencher as lacunas da nossa memória?

Mudar é preciso, mas ninguém nunca disse que era fácil.






Ponto final.
(Pelo menos ele não foi reformado)

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Não põe mesa

Ah, a perfeição! Beleza incomparável, intocável, ausência de rugas, de marcas de expressão, de stress... Apenas aquele congelamento facial provocado pela ausência da vivacidade, da marca própria.

O imperfeito é bem mais interessante. Cada trejeito, cada ruga, cada careta... Tudo é singular. A estranheza é linda! Nada daquela chatice de "eu não posso quebrar minha unha"! Vamos quebrar as unhas!

E a beleza não está mais contida naquele velho conceito de regularidade, simetria e perfeição. A beleza é trincada, é irregular, assimétrica e personalizada. Cada um com seu conceito de beleza.

Pra mim, pra ser belo, tem que ser feliz. E nem precisamos ser belos pra sermos felizes.
Viva a modernidade que nos trouxe o "cada um na sua", e uma salva de palmas para o "tô nem aí"!

Cada um com seu cada qual,
Cada qual com seu tempero!


(inco)moda

A moda não me muda,
Mas eu vou mudar a moda.
Uma cor diferente,
Um pingente de colar,
Um pouquinho de pimenta,
Mais açúcar, menos sal;

Eu vou mudar a moda,
A moda que muda o mundo.

A moda do tudo igual
Que é seguida passo a passo.
Eu ando em sentido contrário
Com a moda que eu mesma faço.

Eu vou mudar a moda,
A moda que acomoda,
A moda que incomoda,
A muda que muda o mundo
Mas que não vai me mudar.

Luisa Iva
28/01/2009

Ponto final.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Seja bem-vindo.

E esperando atrás da porta, estava ele. Cada hora tinha uma cara. Para cada um tinha uma cara.
Olhou pra mim de canto de olho... Talvez eu não quisesse que ele chegasse. Estava bem sem ele.
Mas eu desejava o novo. Talvez não fosse tão ruim.

Não sei. Só sei que ele chegou. Não tocou a campainha, não pediu licença. Entrou, simplesmente.
Veio com o pé direito, espero. Não deu tempo de observar porque ele foi mais rápido que meus olhos. Eu só sabia que ele tinha entrado.

Na praia, na casa de campo, em frente à TV, no bar, no Brasil, na China, "onde Judas perdeu as botas"... Ele entrou! Estava já em todo lugar. Nuns, foi mais rápido, em outros demorou mais tempo. Mas se achegou. Pra uns, veio sorrindo, para outros, trouxe insegurança.

Ele era assim: mil e uma caras. Mas chegou. Chegou exibindo suas facetas sem nem perguntar se era bem-vindo. Chegou porque ninguém manda no tempo. Chegou porque o mundo tem que girar. Chegou. Chegou e veio pra ficar.

Pode chegar, 2009! Seja muito bem-vindo! Mas, como boa visita que eu espero que você seja, mantenha-se educado, comportado e, se puder, traga um bom presente aos donos da casa. Mas, acima de tudo, seja bem-vindo e se sinta acolhido!

Que 2009 seja, para todos nós, um ano de realizações, paz e saúde!

E, dessa vez, não é ponto final
Só reticências mesmo, porque o ano mal começou...